Vol. 1 No. 20250612-636 (2025)

Como o Ransomware se Espalha Dentro da Sua Rede

Pedro Brandt Zanqueta | pedro@cylo.com.br | 12/06/2025

Ajudando em uma resposta a incidente, recentemente tivemos que lidar com um determinado grupo de ransomware que atrapalhou uma empresa por um período. Com isso decidi detalhar como geralmente um ataque ocorre.

Ponto de partida

Imagine uma manhã comum na sua empresa. Os colaboradores chegam e iniciam suas atividades. Tudo parece normal até que, um e-mail aparentemente inofensivo chega à caixa de entrada de um colaborador do setor financeiro. O assunto é: “Nota Fiscal em Atraso – URGENTE”. Sem nem desconfiar, o funcionário clica no anexo.

O anexo executa um script em PowerShell, que baixa e executa um payload malicioso. Em segundos, o atacante já acesso à rede. Mas o objetivo não é apenas comprometer uma máquina é paralisar a empresa inteira. E para isso, o ransomware precisa se espalhar.

Descoberta do ambiente

Antes de se mover, o atacante precisa entender o ambiente. Ele começa com técnicas de reconhecimento interno. Utiliza comandos para descobrir sistemas remotos, identificar conexões de rede, e localizar compartilhamentos acessíveis.

Com essas informações em mãos, o atacante sabe exatamente onde estão os servidores de arquivos, os controladores de domínio e as estações mais críticas.

Movimentação lateral

Para se mover lateralmente, o atacante precisa de credenciais. Com Mimikatz usa para extrair senhas da memória do processo LSASS. Se tiver sorte, encontra credenciais de administradores de domínio. Caso contrário, ele pode recorrer a ataques de força bruta ou password spray para comprometer outras contas.

Usando ferramentas como PsExec ou WMI, o ransomware começa a se espalhar. Ele cópia seus arquivos para máquinas remotas usando compartilhamentos administrativos e executa o payload silenciosamente.

Se encontrar vulnerabilidades conhecidas, como EternalBlue, ele pode explorá-las diretamente, sem depender de credenciais.

Garantindo a Persistência

Para garantir que o ransomware continue ativo mesmo após reinicializações, o atacante cria tarefas agendadas ou serviços maliciosos.

Processo Final

Quando o atacante sente que já comprometeu o suficiente, ele inicia a fase final: a criptografia. Utilizando algoritmos robustos, o ransomware bloqueia arquivos em servidores, estações de trabalho e até backups conectados.

Em minutos, a empresa inteira está paralisada. Um aviso aparece nas telas: “Seus arquivos foram criptografados. Pague em Bitcoin para recuperá-los.”

Melhorias no ambiente

  • Segmentação de rede: impede que o atacante se mova livremente.
  • Monitoramento de credenciais: detecta uso anômalo de contas.
  • Atualizações regulares: fecham portas exploradas por vulnerabilidades.
  • Treinamento de usuários: reduz o risco de phishing.
  • Soluções de segurança avançadas: como EDRs e SIEMs, ajudam a detectar e responder rapidamente.

Conclusão

O ransomware não é apenas um vírus que aparece do nada. Ele é o resultado de uma cadeia de ações cuidadosamente planejadas.

A pergunta não é se sua empresa será alvo, mas quando. E quando isso acontecer, o quão preparado você estará?