Vol. 1 No. 20250905-919 (2025)

A Importância de Categorizar Vulnerabilidades

João Paulo Gonsales | jgonsales@cylo.com.br | 05/09/2025

Com o aumento do número de vulnerabilidades descobertas diariamente, conhecer e saber categoriza-las no ambiente que está sendo gerenciado pela equipe de segurança se torna uma medida importante para mitigar os riscos de segurança em um ambiente de T.I.   

A etapa da categorização das vulnerabilidades se torna fundamental para a equipe realizar a gestão do risco de forma eficiente e estruturar as ações de defesa do ambiente. Entendendo o que elas representam e seu potencial impacto, conseguimos elaborar um plano de ação mais eficiente e priorizar as ações de defesa. 

Para ajudar na categorização, podemos utilizar alguns indicadores padrões de mercado que vão nos ajudar a direcionar o esforço, por exemplo o CVSS e o EPSS. 

O CVSS (Common Vulnerability Scoring System), é um indicador padrão utilizado para medir a severidade de vulnerabilidades com um sistema de pontuação padronizado para avaliar e realizar a comparação da gravidade das vulnerabilidades de segurança, aplicando medidas quantitativa para medir o potencial de impacto da vulnerabilidade. 

O CVSS atribui pontuações numéricas com base em diferentes métricas, onde este cálculo ajuda a equipe de segurança a priorizar os seus esforços para a correlação de vulnerabilidades e apoiar para uma melhor tomada de decisão para correção ou mitigação das vulnerabilidades. 

Para realizar o seu cálculo, o CVSS, vamos exemplificar baseado na versão 3.X, utiliza algumas métricas como principais, como métricas de Base, Temporal e Ambiental. Cada métrica possui características diferentes e um peso no cálculo da pontuação da CVSS. 

  •  Métrica de Base são métricas onde são avaliados o potencial dano que a vulnerabilidade pode causar no ambiente, facilidade de exploração e a complexidade do atacante conseguir realizar o ataque bem sucedido. 
  • Métrica Temporal são métricas onde são avaliados a evolução da vulnerabilidade ao longo do tempo, podendo incluir algumas características que são considerados no calculo da sua pontuação, como a maturidade do exploit, facilidade da sua correção, confiabilidade da fonte da informação e a quantidade de evidencias disponíveis. 
  •  Métrica Ambiental são métricas relacionadas a importância do impacto real para a organização em particular, baseadas em controles de mitigação que podem existir no ambiente para reduzir ou aumentar o impacto da vulnerabilidade ser explorada no ambiente. 

      Fig. 1 – Exemplo – Calculadora CVSS V3.0 –   Common Vulnerability Scoring System Version 3.0 Calculator 

Diante do número elevado de CVSS dos ambientes e com as equipes de segurança enfrentando uma grande dificuldade para priorizar as correções. Um grupo de pesquisadores do FIRST (Forum of Incident Response and Security Teams – https://www.first.org/about/), pensando em resolver esse problema, desenvolveu o EPSS, um modelo para calcular informações sobre exploração das vulnerabilidades e apoiar no direcionamento melhor das ações de correção de vulnerabilidades pela equipe.

EPSS (Exploit Prediction Scoring System), fornece um “score” que é um indicador baseado em dados do CVSS para estimar a probabilidade de uma vulnerabilidade de software estar sendo explorada ativamente no ambiente, cujo seu objetivo, é auxiliar a equipe de segurança a priorizar os esforços de correção de vulnerabilidades com base no EPSS score. 

O EPSS fornece uma perspectiva mais dinâmica e contextual, permitindo que as equipes priorizem vulnerabilidades que estão ativamente sendo exploradas, mesmo que tenham um score no CVSS baixo. 

Correlacionando dados de CVSS + EPSS e aplicando inteligencia artificial, concluimos o valor do “Score EPSS”, um indicador mais robusto para a categorização de vulnerabilidades, onde podemos exemplificar conforme informações abaixo : 

  • CVSS alto + EPSS alto = prioridade máxima 
  • CVSS alto + EPSS baixo = monitoramento e mitigação planejada 
  • CVSS baixo + EPSS alto = atenção especial, pois pode indicar ataques em andamento 
  • CVSS baixo + EPSS baixo = menor prioridade

EPSS Score – https://www.first.org/epss/data_stats

Com essa informação, conseguimos que as equipe realizem uma gestão de risco mais inteligente, baseada não apenas em um unico indicador, mas também relacionando com a probabilidade real de ataque. 

Categorizar as vulnerabilidades com base em métricas como CVSS e EPSS é essencial para uma resposta proativa e eficiente às ameaças cibernéticas. Em vez de reagir a cada alerta, as organizações podem tomar decisões assertivas, proteger seus ativos mais críticos e manter a confiança de seus clientes e parceiros. 


Vol. 1 No. 20250822-852 (2025)

Dever de casa. TOP!

Anísio José Moreira Neto | anisio@cylo.com.br | 22/08/2025

Você já testou se sua empresa está realmente preparada para os desafios da Internet moderna?

O site TOP – Teste os Padrões é uma iniciativa do NIC.br que avalia se os serviços digitais — como sites, e-mails e conexões — estão em conformidade com os padrões técnicos mais modernos e seguros da Internet. Esses padrões incluem tecnologias como IPv6, DNSSEC, HTTPS, TLS, HSTS, DMARC, DKIM, SPF, STARTTLS, DANE, entre outros.

Por que isso importa para sua empresa?

  • Segurança: Adotar esses padrões reduz vulnerabilidades e protege contra ataques como phishing, spoofing e interceptação de dados.
  • Confiabilidade: Serviços que seguem os padrões modernos são mais estáveis e confiáveis, transmitindo mais confiança aos clientes e parceiros.
  • Reputação digital: Estar em conformidade com os testes do TOP é um sinal claro de compromisso com boas práticas de TI e segurança da informação.
  • Competitividade: Empresas que investem em infraestrutura moderna se destacam no mercado e estão mais preparadas para escalar seus serviços.

Hora de fazer o dever de casa

A ferramenta é gratuita e fácil de usar. Basta inserir o domínio do seu site ou serviço de e-mail e verificar os resultados. Se algo estiver fora do padrão, o TOP ainda indica o que pode ser feito para corrigir.

Aqui na CYLO, fizemos o dever de casa, somos TOP! Isso reforça nosso compromisso com a excelência e com a Cybersegurança.

Vol. 1 No. 20250815-763 (2025)

Chave privada em repositório Git

Matheus Augusto da Silva Santos | matheus@cylo.com.br | 15/08/2025

Recentemente, estava explorando o repositório GitHub de um framework que utilizo para desenvolvimento. Observando modificações recentes, me deparei com um commit que me deixou inicialmente muito confuso: uma chave privada, aparentemente utilizada para assinar o pacote de instalação do framework, havia sido adicionada aos arquivos do repositório.

Felizmente, após inspecionar a chave pública acompanhante, revelou-se que a chave foi credenciada para o domínio yourdomain.com. Comentando isso com um colega de trabalho, ele me instruiu que isso é, na verdade, algo relativamente comum: adicionar arquivos com uma chave de exemplo ao repositório para que a estrutura de arquivos fique completa. Adicionalmente, em alguns casos (como desenvolvimento de aplicações web), é possível utilizar esse certificado no ambiente de desenvolvimento local redirecionando o domínio de exemplo para o local host via alteração do arquivo hosts.

Digo que fiquei aliviado descobrindo que a adição da chave ao repositório foi, muito provavelmente, intencional e não impõe um risco de segurança ao projeto (é um dos meus frameworks favoritos). Reconheço que acidentes, especialmente quanto a adição de arquivos no Git que não deveriam ser adicionados, acontecem. Inúmeras vezes já ansiosamente executei git add .; git commit -m "..." no terminal, descobrindo somente depois que havia algum artefato de compilação, ou arquivo de cache (estou olhando para você, mypy), esquecido no diretório do projeto que agora havia sido imortalizado no repositório pela execução precoce do comando. Como diz o ditado, “once in git, always in git”.

Hoje em dia sou moderadamente mais cauteloso e ademais, grato pelas abençoadas almas que dispõem modelos de .gitignore na web. Porém, pessoalmente não julgo cautela como suficiente! Utilizo no meu desenvolvimento o pre-commit, uma ferramenta que realiza verificações automáticas antes de toda modificação de arquivos em um repositório Git. Incidentalmente, um dos plugins disponibilizados por padrão pela ferramenta possui um teste que previne o commit acidental de uma chave privada.


Referências

  • pre-commit. Disponível em: <https://pre-commit.com/>.
  • pre-commit/pre-commit-hooks. Disponível em: <https://github.com/pre-commit/pre-commit-hooks>.

Vol. 1 No. 20250717-774 (2025)

Os perigos de utilizar hotspot não autorizados no ambiente corporativo 

João Paulo Gonsales | jgonsales@cylo.com.br | 17/07/2025

Frequentemente analisamos um tipo de alerta preocupante : colaboradores dentro do ambiente corporativo compartilhando a internet móvel não autorizado com um dispositivo empresarial, criando com os seus dispositivos hotspots móveis e não autorizados pela organização. Embora possa parecer uma solução inofensiva ou um “atalho” para a conectividade, esse comportamento abre as portas para uma série de riscos graves que podem comprometer toda a segurança da sua organização.

Quando um hotspot móvel não autorizado é ativado, ele faz um bypass em diversas camadas de segurança da organização, é como se abríssemos uma “porta” não autorizada, favorecendo ameaças como ataques do tipo man-in-the-middle, risco para vazamento de dados ou outras ameaças, como um vírus, malware e até um Ransoware no ambiente.

Sobre os alertas analisados, notamos que durante a ação de compartilhar da conexão, criando um hotspot, o dispositivo conectado na rede recebe a faixa de IP 192.168.137.x, e por ser uma faixa de endereço privada e desconhecida dentro do ambiente , que a princípio gerou algumas dificuldades durante a analise, mas com o apoio da documentação da Microsoft e outros fatores presentes no log, verificamos que este endereço é um range padrão, atribuído pelo Windows e utilizado pelo serviço Compartilhamento de Conexão com a Internet (ICS).  

Conforme definido no learn da Microsoft, o serviço de ICS seria o driver atras de Wi-Fi pessoal que, por padrão, o ICS configura o seu computador (o host do hotspot) com o endereço IP 192.168.137.1 e após atribuir este IP, o serviço age como um servidor DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol), atribuindo endereços IP aos dispositivos que se conectam ao hotspot, começando geralmente do 192.168.137.x.

Como mencionado acima, esta faixa de IP é de uma rede privada, designada para uso interno, o que significa que os endereços não são roteáveis diretamente na internet e utilizando a máscara padrão com o endereço 255.255.255.0, disponibilizando um range de 254 endereços IP para dispositivos conectados, tirando endereços de gateway e broadcast. 

Esta faixa de endereço pode ser alterado nas configurações do sistema, mas até o momento deste texto, os alertas analisados continham a faixa “padrão”, com o endereço IP 192.168.137.x. 

Por que esta faixa de IP específica? 

 A escolha da faixa 192.168.137.x foi uma convenção estabelecida pela Microsoft para o funcionamento do ICS, ela evita conflitos com outras redes já documentadas e utilizadas em ambientes domésticos ou corporativos (como as populares 192.168.0.x ou 192.168.1.x), garantindo que o seu hotspot possa operar sem problemas, independentemente da rede à qual seu computador principal está conectado. 

 Conexões rede origem e destino resolvendo DNS pelo 192.168.137.x 

Este tipo de ação no ambiente corporativo se torna muito preocupante, onde no cenário atual de flexibilidade no trabalho, onde o home office e os inúmeros dispositivos moveis pessoais no ambiente , gera preocupações de controle para estes dispositivos que, por um lado, a sua utilização pode ser “desculpa” para aumentar a produtividade, mas por outro lado, o mesmo pode ser utilizado para tentar quebrar os controles de segurança de rede dentro das empresas, e com essa pratica, as vezes inocente por parte de quem está utilizando, compromete os controles de segurança da informação e eleva os riscos significativos para a infraestrutura da empresa. 

Para mitigar e melhorar os controles para estes dispositivos, podemos adotar praticas que vão além do monitoramento, como a definição de políticas claras de PSI, implantando a sua conscientização, treinamento para os colaboradores e adoção de ferramentas de MDM (Gerenciamento de Dispositivos Móveis), onde com este recurso podemos aplicar políticas de segurança para os dispositivos moveis, monitorar e controlar o uso de dispositivos corporativos, incluindo a capacidade de criar hotspots.

 Referências :

Vol. 1 No. 20250612-636 (2025)

Como o Ransomware se Espalha Dentro da Sua Rede

Pedro Brandt Zanqueta | pedro@cylo.com.br | 12/06/2025

Ajudando em uma resposta a incidente, recentemente tivemos que lidar com um determinado grupo de ransomware que atrapalhou uma empresa por um período. Com isso decidi detalhar como geralmente um ataque ocorre.

Ponto de partida

Imagine uma manhã comum na sua empresa. Os colaboradores chegam e iniciam suas atividades. Tudo parece normal até que, um e-mail aparentemente inofensivo chega à caixa de entrada de um colaborador do setor financeiro. O assunto é: “Nota Fiscal em Atraso – URGENTE”. Sem nem desconfiar, o funcionário clica no anexo.

O anexo executa um script em PowerShell, que baixa e executa um payload malicioso. Em segundos, o atacante já acesso à rede. Mas o objetivo não é apenas comprometer uma máquina é paralisar a empresa inteira. E para isso, o ransomware precisa se espalhar.

Descoberta do ambiente

Antes de se mover, o atacante precisa entender o ambiente. Ele começa com técnicas de reconhecimento interno. Utiliza comandos para descobrir sistemas remotos, identificar conexões de rede, e localizar compartilhamentos acessíveis.

Com essas informações em mãos, o atacante sabe exatamente onde estão os servidores de arquivos, os controladores de domínio e as estações mais críticas.

Movimentação lateral

Para se mover lateralmente, o atacante precisa de credenciais. Com Mimikatz usa para extrair senhas da memória do processo LSASS. Se tiver sorte, encontra credenciais de administradores de domínio. Caso contrário, ele pode recorrer a ataques de força bruta ou password spray para comprometer outras contas.

Usando ferramentas como PsExec ou WMI, o ransomware começa a se espalhar. Ele cópia seus arquivos para máquinas remotas usando compartilhamentos administrativos e executa o payload silenciosamente.

Se encontrar vulnerabilidades conhecidas, como EternalBlue, ele pode explorá-las diretamente, sem depender de credenciais.

Garantindo a Persistência

Para garantir que o ransomware continue ativo mesmo após reinicializações, o atacante cria tarefas agendadas ou serviços maliciosos.

Processo Final

Quando o atacante sente que já comprometeu o suficiente, ele inicia a fase final: a criptografia. Utilizando algoritmos robustos, o ransomware bloqueia arquivos em servidores, estações de trabalho e até backups conectados.

Em minutos, a empresa inteira está paralisada. Um aviso aparece nas telas: “Seus arquivos foram criptografados. Pague em Bitcoin para recuperá-los.”

Melhorias no ambiente

  • Segmentação de rede: impede que o atacante se mova livremente.
  • Monitoramento de credenciais: detecta uso anômalo de contas.
  • Atualizações regulares: fecham portas exploradas por vulnerabilidades.
  • Treinamento de usuários: reduz o risco de phishing.
  • Soluções de segurança avançadas: como EDRs e SIEMs, ajudam a detectar e responder rapidamente.

Conclusão

O ransomware não é apenas um vírus que aparece do nada. Ele é o resultado de uma cadeia de ações cuidadosamente planejadas.

A pergunta não é se sua empresa será alvo, mas quando. E quando isso acontecer, o quão preparado você estará?

Vol. 1 No. 20250530-596 (2025)

A importância do SOC na Cibersegurança.

João Paulo Gonsales | jgonsales@cylo.com.br | 30/05/2025

Durante um treinamento recente em Cibersegurança, focado em “Foundations of Incident Management”, entre muitos temas importantes abordados no treinamento, um ponto crucial se destacou: a importância de uma resposta rápida e coordenada a eventos de Segurança da Informação.

Em um cenário onde a tecnologia está em constante evolução, com a área de cibersegurança não seria diferente, a rápida evolução das ameaças e a forma de como os ataques cibernéticos são realizados, a segurança digital para as organizações deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade e, uma pergunta que não podemos ignorar para as organizações é, “não é se a sua empresa será atacada ou não, mas quando. O ataque será efetivo?” Seguindo neste contexto, um Security Operations Center (SOC) se destaca como uma peça fundamental na estratégia de defesa para as organizações, adicionando uma camada de proteção no ambiente de tecnologia e se tornando essencial para uma melhor resiliência cibernética. 

Podemos definir o SOC como um centro especializado em segurança cibernética, responsável pelo monitoramento, detecção e resposta para incidentes de segurança. Utilizando tecnologias avançadas e composto por equipes de especialistas em cibersegurança, tecnologias em geral e processos, ele opera com o objetivo de identificar e responder as ameaças em tempo real, adicionando uma camada essencial para a resiliência cibernética das organizações e minimizando os riscos que possam causar danos significativos.  

Vamos relacionar um SOC como uma “torre de controle” com foco para a segurança da informação da sua empresa, onde com uma equipe especializada, são realizados a monitoração dos dados do ambiente,  comportamentos suspeitos , tráfego de rede, sistemas, aplicativos e dispositivos em busca de qualquer atividade suspeita. 

Oferecendo uma camada de proteção proativa, o trabalho e a importância de um SOC vai muito além da simples detecção de ameaças, onde podemos destacar um pouco mais das suas atividades ; 

  • Detecção rápida de eventos de segurança : Pesquisas indicam que o tempo médio de permanência de um invasor no ambiente de rede pode chegar em 200 dias ou mais antes de ser identificado e, conseguir garantir a capacidade de identificar a ameaça rapidamente é crucial. O SOC utiliza ferramentas avançadas para garantir uma rápida detecção, como a utilização de ferramentas de XDR, SIEM (Security Information and Event Management) e SOAR (Security Orchestration, Automation and Response) para identificar padrões maliciosos, correlacionar eventos, automatizar e gerar alertas em tempo real para a equipe à possíveis ameaças, minimizando o tempo que um atacante tem para causar danos para as organizações. 

  RSA Conference 2022 – 2022_USA22_HTA-M05_01_Strong-Story-to-Tell-Top-10-Mistakes-by-Administrators-About-Remote-Work_1654099348955001KxG2.pdf 

  • Resposta a Incidentes : Quando um incidente ocorre, uma equipe bem coordenada faz toda a diferença na resposta do incidente, com um SOC estruturado e treinado, possuir um plano e treinamento para realizar a resposta de incidentes faz toda a diferença, os processos são rapidamente colocados em pratica, gerando a contenção e a erradicação da ameaça. Aplicar o plano de recuperação quando for necessário , realizar relatórios pós-incidente e a identificação da causa raiz, evitando futuras ocorrências. A falta de um plano de resposta eficiente pode levar a grandes perdas financeiras e gerar danos irreparáveis à reputação da empresa.  
  • Monitoração do ambiente 24hx7: Diferente de uma abordagem reativa, o SOC mantém um monitoramento constante, identificando ameaças comportamentais , processuais , físicas e evitando que vulnerabilidades sejam exploradas. Com a utilização de informações de threat intelligence, a detecção no estágio inicial faz toda a diferença para mitigar possíveis ataques. 
  • Políticas e Processos:  Uma equipe de SOC realiza o suporte durante o desenvolvimento da política de segurança da informação (PSI), planos de comunicação, planos de recuperação (backup e restore), apoio também em auditorias e fornecimento de relatórios, garantindo que os processos estabelecidos sejam seguidos para que tenhamos um aumento da postura de segurança do ambiente. 

Uma pesquisa disponibilizada pela empresa Palo Alto Networks, lider global em segurança cibernética, indicam números alarmantes para o Brasil. O pais tem sido um alvo frequente de ataques cibernéticos, sofrendo bilhões de tentativas de ataques no último ano e isso reforça a necessidade de manter um ambiente de segurança robusto. O apoio do SOC é fundamental nesta jornada e vem se tornando um elemento estratégico para as organizações.  

Referencias : 

Vol. 1 No. 20250502-389 (2025)

Políticas de Endpoint irão salvar seu ambiente!

Hector Carlos Frigo | hector@cylo.com.br | 02/05/2025

Recentemente participei da investigação de um incidente interessante que poderia ter levado a um fim extremamente desastroso. Recebemos diversos alertas que relatavam uma atividade suspeita realizada por um usuário desorientado, ao conectar um dispositivo removível desconhecido em sua estação de trabalho, e em seguida, tentar executar um arquivo suspeito presente no mesmo. A ação foi imediatamente bloqueada devido a política existente na estação e reportada ao nosso time.

Iniciamos nossas investigações, onde a princípio, identificamos, que o arquivo, estava nomeado exatamente como um software legitimo conhecido, e confirmadamente utilizado nas operações do cliente. Como de prática, partindo do princípio de “Nunca confiar, sempre verificar” realizamos uma “primeira” análise no arquivo, coletando sua hash SHA-256 e submetendo-a, a sandboxes online, com objetivo de verificar se essa hash já era conhecida, quais conexões externas são realizadas caso haja, relações com outros executaveis, versionamento, entre outras informações necessárias para a investigação.

Arquivo suspeito se encontrava no dispositivo removivel mapeado no disco D:

A hash submetida apresentou resultados alarmantes, multiplos indicadores classificaram o arquivo suspeito submetido, como TROJAN, apontando diversos comportamentos suspeitos, além do fato de já ter sido submetido as sandboxes anteriormente, com nomes diferentes, tentando se passar por processos legítimos do Windows ou arquivos genéricos nomeados em português.

Resultado da Analise realizada no VirusTotal
Lista de nomes que foram associados a esse arquivo

Após o recebimento destes resultados, realizamos uma análise mais aprofundada neste arquivo em um ambiente isolado e preparado para detectar cada ação realizada pelo software , ao executa-lo, imediatamente identificamos uma série de comportamentos suspeitos bem característicos adotados por malwares, como:

capacidade do software se “autor replicar” e “auto deletar”

Cadeia de execução realizada pelo Malware

Sessões com alta entropia e emprego de pacote UPX para dificultar engenharia reversa

“****_9_400**21.exe” has a section named “UPX0”
“****_9_400**21.exe” has a section named “UPX1”
“****_9_400**21.exe” has section name UPX1 with entropy “7.928493634034875”

Além de realizar conexões com servidores DNS dinâmicos, criação de arquivos no diretório reservado para o sistema operacional, entre outras ações que minimizaram ainda mais as dúvidas de que o software presente nesta mídia removível de fato possuía intenções maliciosas.

Sem dúvidas estávamos lidando com um Malware de alta periculosidade e complexidade, que com certeza teria um grande impacto e causaria grandes danos ao ambiente em que fosse executado, porém graças a adoção de políticas de segurança rígidas de endpoint, anteriormente definidas e empregadas em todo o ambiente da empresa, esse incidente pode ser evitado. Desta maneira gostaria de despertar uma reflexão; qual seria o impacto causado no ambiente, se houvesse a ausência dessas políticas?
Assim como o ciclo de resposta a incidente do NIST nos apresenta, fases como “lições aprendidas” e “preparação” são voltadas justamente para estabelecer regras e estratégias que dificultem as ações tomadas por agentes de ameaça, garantindo um ambiente mais resiliente e robusto.

Vol. 1 No. 20250411-252 (2025)

Importância de executar o básico bem-feito

João Paulo Gonsales | jgonsales@cylo.com.br | 11/04/2025

Recentemente participei de um treinamento em Segurança da Informação, ministrado por um experiente pesquisador na área de Cybersecurity, onde diversas reflexões foram levantadas e entre elas, a importância de mensurar os investimentos na área, por onde começar? O que seria mais importante, altos investimentos em ferramental ou investir em processos?

Acredito que para diminuir a superfície de ataque do ambiente, envolve mais do que investir no melhor firewall, ferramentas de endpoint ou um bom SOC. A falta de definição de uma política de segurança da informação, um plano de recuperação de desastre funcional ou uma governança na gestão de identidade (Acessos), aumentaria muito a superfície de ataque.

Inverter a ordem no seu planejamento, seria eficaz? Talvez, depende, mas baseado nos históricos de taticas utilizadas e exploradas por atacantes no ambiente, vulnerabilidades não somente estão relacionadas a patch de segurança ou investimento em ferramental, mas também, se aplica, a inexistência das políticas e processos bem definidos e novamente, que implementadas, diminuiria a superfície de ataque a ser explorada.

Essa reflexão originada pelo treinamento, me fez lembrar de uma frase que escutei a alguns anos de um prestador de serviços de tecnologia, “Fazemos o básico bem-feito”. A fala no momento não fez muito sentido, não era o que eu estava buscando no momento, mas hoje vejo que faz muito sentido, principalmente na área de Segurança da Informação.

Fazendo uma analogia com a frase “fazer o básico bem-feito”, com a inexistência dos processos citados acima, como iremos garantir uma boa implantação do ferramental. Acredito que faria sentido complementar a frase mencionada acima para “Fazer o básico bem-feito protege melhor que fazer um avançado mal configurado”.

Um bom exemplo de “fazer o básico”, poderíamos citar o processo de gestão de acesso , por exemplo, uma sanitização recorrente do serviço de Active Directory, onde a falta de gestão em itens como, contas de computador obsoletas , contas de usuário expiradas, contas de ex-funcionários ainda ativas, excesso de contas administrativas, permissões herdadas sem lógica, falta de políticas para correções de segurança do produto , aumentaria a superfície de ataque e o risco de segurança no ambiente.

Para iniciar esse processo de gestão de acesso no serviço de Active Directory, conseguimos bons resultados com a utilização de ferramentas nativas do sistema operacional, como por exemplo o Powershell e implementação de processos bem definidos na sua gestão.

Isso seria somente alguns pontos que se aplicarmos na rotina de gestão diariamente, conseguíramos mitigar diversos riscos no ambiente e a sua não implementação, prejudica diretamente a eficácia da gestão de acesos e compromete tanto a segurança quanto a governança da TI.

Podemos citar alguns ganhos com a realização da sanitização recorrente do AD, como :

– Redução de riscos de segurança – Contas abandonadas são portas abertas para ataques. Removê-las periodicamente reduz a superfície de ataque.

– Melhoria na governança e conformidade – Facilita auditorias e garante que apenas contas ativas e justificadas existam no ambiente.

– Eficiência operacional – Um AD mais enxuto melhora a performance, reduz a carga administrativa e evita erros em permissões e acessos.

– Monitoramento contínuo e ações preventivas – Rotinas de verificação ou a implementação de Dashboards , permitiriam identificar padrões de inatividade e agir proativamente.

 Seguir os processos bem definidos , usando o exemplo da utilização de scritps e ferramentas nativas, poderiamos definir que : scritps poweshell + recorrência(processos) = diminuição da superfície de ataque, segurança contínua e uma governança mais eficiente do ambiente.

 Esse é somente um exemplo claro do que chamamos de “básico bem-feito” na prática, onde com poucos recursos financeiros , a gestão de acesso se torna eficiente, sem a utilização de ferramentas caras, onde fazer o básico bem feito faz a diferença e melhora a postura de segurança, alinhando muitos ganhos na segurança e conformidade.

Deixo essa reflexão, que são situações rotineiras e de muita importância do analista, definir processos, seguir processos e fazer o básico bem-feito garante uma mudança positiva no ambiente.